terça-feira, 7 de dezembro de 2010

PENSANDO GRANDE!

O leitor observa um dos prédios que pode ser o mais antigo da cidade. Construído na metade do século XIX, foi a residência de Theóphilo de Godoy, o introdutor das raças indianas, que trouxe grande impulso à agropecuária nacional. Na época, a residência era uma das mais imponentes da nascente Araguari. Os poderosos se reuniam em seus amplos salões e foi discutido ali a emancipação de Araguari. Padre Lafayette era visto quase todas as tardes tramando as jogadas políticas possíveis para sairmos da situação de vila, já que éramos bem maiores que a sede do município, Bagagem. Para o leitor ter uma idéia do que era Araguari na época da emancipação, 1889, somávamos 7.302 almas. Uberaba, que era a maior cidade da região, ostentava 19.174 habitantes. Quem rivalizava com Uberaba no final de do século, acredite, era Sacramento que somava 15.101 moradores. Uberlândia, conhecida como São Pedro de Uberabinha, já saltava à frente de Araguari apresentando 7.541 habitantes. Bons tempos esses com o progresso chegando a nossa região, através dos trilhos da Companhia Mogyana. Um pouco de história para nos sensibilizar sobre a necessidade de preservamos nossos monumentos históricos. O prédio residencial de Theóphilo de Godoy é de propriedade da família de Dona Aurita, professora aposentada do Grupo Escolar Raul Soares. Não se sabe o interesse da Municipalidade em firmar parceria com a família para preservá-lo. O prédio já apresenta rachaduras nas paredes erguidas pelos antigos tijolos de adobe (terra prensada). Nesse final de semana, sua fachada recebeu modernas figuras tipo grafitado que, no fundo, não combina muito bem com o significado da construção. Não podemos chamar de desproposital e sem gosto as figuras ali pintadas. Podem ser removidas, lógico, numa futura restauração desse casarão dos tempos coloniais. Na realidade, fica a preocupação do desinteresse de nossas autoridades sobre os nossos bens culturais. Não podemos viver de projetos, mesmo conseguindo verbas que ficam mofando em contas bancárias. É necessário vontade política e visão do que pode render a restauração e conservação de nosso conjunto arquitetônico tombado. Isso rende também. Traz visitantes e com eles recursos no setor de serviço. Precisamos pensar grande!

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