sexta-feira, 4 de março de 2011

BRAÇOS CRUZADOS



A paralisação dos funcionários públicos da prefeitura, na última quinta-feira, pode ser considerada um sucesso. Primeiro, pela história dos movimentos sindicais dentro da prefeitura e segundo pela adesão espontânea de grande parte do funcionalismo. A última grande paralisação aconteceu no governo de Wanderlei Inácio, no final dos anos 80. Na época, os funcionários principalmente da saúde, reclamavam salários com três meses de atraso e sem reajustes, com inflação mensal na casa dos dois dígitos. Para complicar ainda mais, todos os funcionários receberam carta de advertência pela paralisação mais do que justa e perderam as férias que tinham direito. Depois disso, somente alguns caixões na porta do sindicato. Uma vitória importante do sindicato aconteceu no governo Marcos Alvim, quando o então presidente Sebastião Vieira, conseguiu um termo de ajuste de conduta com o Ministério Público do Trabalho, obrigando Alvim a pagar todos os funcionários no dia determinado pela lei, inclusive férias e obrigações sociais. Marcão cumpre as datas de pagamento e chega a antecipar salários. Só não reajusta os salários de quem ganha acima do mínimo, como também não fizeram todos os outros prefeitos. Ainda tem gente por aqui que canta de galo.

CACHIMBO DA PAZ

Prefeito Marcos Coelho e Wellington Salgado fumam o cachimbo da paz. Depois de uma verdadeira guerra contra o ex-aliado, Salgado finalmente resolve abrir um canal de conversação com o prefeito. Tudo motivado dos resultados das últimas eleições na cidade. Salgado teria afirmado a algumas pessoas de seu círculo que não houve empenho do prefeito e nem do vice na sua campanha. Na verdade, a bronca maior de Salgado teria sido motivada por alguns figurantes da política local que teriam a função de arregimentar votos, recebendo para isso aporte financeiro para um bom trabalho de marketing, fato que não resultou em votos para o ex-senador. Pelo visto, Salgado volta a dialogar, mesmo recebendo as primeiras ações judiciais e pedidos de indenização, feitas no período de bombardeios jornalísticos dos canhões da Rádio Araguari ao Palácio dos Ferroviários. Melhor para Marcão que espera um período de calmaria e poder governar sem oposição da mais poderosa emissora local.

CADA JUIZ UMA SENTENÇA?

Ler e entender são tarefas para poucos neste país. Às vezes fico assustado com a pouca capacidade de compreensão da grande maioria dos cidadãos desse país. Hoje não se admite a passividade do leitor frente a textos, livros e idéias. Temos a obrigação de entender, digerir e discuti-las. É flagrante a dificuldade de nossos vestibulandos em lidar com a Língua Portuguesa. Erros fenomenais e a incapacidade de transformar idéias em textos comprometem até o futuro desses jovens quando enfrentam o mercado de trabalho. Precisamos alimentar o corpo para nos mantermos de pé, mas sem o alimento da alma dificilmente seremos cidadãos independentes e com sanidade mental suficiente para entendermos o que se escreve. Mas a vida é cheia de acidentes. Tem aquela história também que lemos e entendemos como queremos, mesmo com toda a clareza do texto. Afinal nem todo texto tem mensagens nas entrelinhas. Não é como nossa Constituição que cada juiz tem uma sentença diferente. Entender é preciso!

SAMBA, SUOR E CHUVA?

Que nada! Por aqui uma desânimo só. Carnaval em Araguari é no ritmo sertanejo e esses funks terríveis. Tenta-se copiar carnavais de outras cidades, com a prefeitura injetando dinheiro em escolas de samba, que funcionam poucos dias antes da data. Penso que deveria se investir em blocos carnavalescos, mas de iniciativa popular. Esse lance de escola de samba é puro sonho. Até que o pessoal se esforça, mas não consegue marcar tradição nem movimentar a cidade em torno da festa. A debandada é geral para outras cidades. O pior é o tempo que aguarda os foliões. Muita chuva, segundo os meteorologistas. O principal evento carnavalesco da cidade acontece em volta das piscinas do Pica Pau, mas nada que mereça registro. Para quem fica em casa, só resta mesmo brincar o carnaval no sofá, assistindo as festividades dos grandes desfiles do Rio e São Paulo.

VELHAS ÁRVORES



A polêmica envolvendo as secretarias de Meio Ambiente e a de Serviços Urbanos é exemplar. A restauração da Praça Manoel Bonito que o diga. A principal praça da cidade foi construída nos anos 60, destruindo um belo paisagismo que é lembrado pelos mais antigos e algumas fotos do Arquivo Público. Por coincidência, o prefeito na época da construção dessa praça era Miguel Domingos Oliveira, hoje com 82 anos e que exerce atualmente a Secretaria de Meio Ambiente. O fato nos leva a refletir sobre posições de nossas autoridades sobre a necessidade de preservamos ou não o meio que vivemos. A posição dos técnicos do Meio Ambiente está mais sintonizada com os novos tempos. Preservar aquelas árvores chamadas de “velhas sibipirunas” está ecologicamente correto. A Praça Manoel Bonito ficaria nua sem essas majestosas árvores que nossas autoridades teimam em condená-las. Não custa nada respeitar o espaço aberto pelas suas raízes, nos passeios de pedra portuguesa, ao invés de sacrificá-las. Comparo esse episódio como se fôssemos matar nossos idosos porque estão velhos. É a mesma coisa, mesmo alguns preferindo pensar ao contrário. Esse episódio me lembra um trecho de um poema de Olavo Bilac onde o poeta na sua atenta e rara observação, com visão fora de moda, que escreve que devemos envelhecer “rindo” e que devamos envelhecer “como as árvores fortes envelhecem, na glória de alegria e da bondade, agasalhando os pássaros nos ramos, dando sombra e consolo aos que padecem!” O poeta nos faz refletir que também que os chamados velhos ainda são fontes de afagos e guarita aos mais jovens, principalmente nos dias atuais quando se mudou os paradigmas. Hoje os avós, os velhos, criam netos e nem por serem velhos devem morrer. São úteis! Façamos o mesmo com as “velhas árvores” não só da Praça Manoel Bonito, que vem ao longo desses anos enfrentando a indiferença e intempéries do clima, sem reclamar, sem nos cobrar nada além de um espaço para nos agasalhar nas suas sombras. Nós as desprezamos como muitos filhos fazem com os seus velhos pais. Já imaginou, desamparado leitor com mais 30, o que restará da nossa velhice?

ENROLADA


A lingüiça de porco é um dos mais tradicionais alimentos de nossa região. Feita com a pura carne suína mais um pouco de toucinho e temperos, o seu consumo vem de longa data. Consumida aqui preferencialmente fresca, ainda muitos guardam na memória as lingüiças “secas” sobre um fogão a lenha, que na verdade eram defumadas ao longo das semanas. O problema é que fogão a lenha virou raridade e fomos perdendo essa tradição daquela lingüiça com gosto ligeiro de defumados. Na Gazeta de quarta, uma reportagem sobre a necessidade dos açougues se adequarem às normas da Vigilância Sanitária, deve desestimular muitos açougueiros a continuar fabricando lingüiças artesanais. O promotor está certo. Mesmo com o calor da fritada, garantido certa sanidade ao produto, pode acontecer contaminações perigosas à saúde. Muitos fabricantes de lingüiça deverão encerrar suas atividades. Mas nem por isso devemos esquecer da mais famosa lingüiça de Araguari, a lingüiça do Açougue Caçula. Comandado por anos pelo seu fundador, Zé Carrijo, conserva por décadas o sabor apimentado e saboreado por toda a população. Na verdade, essa lingüiça é até exportada. Muitos araguarinos, quando vêm à cidade, levam na bagagem as perfumadas lingüiças, para saborear bem longe daqui um pouco do gostinho de nossa terra.

NÃO É PRÁ CHEGAR AQUI

Dias atrás, entramos em contato com o departamento técnico da TV PARANAÍBA, para obtermos mais informações a respeito da transmissão digital da Paranaíba pertencente à Rede Record. O sinal da emissora está em fase de teste e tem chegado com dificuldade em Araguari, mesmo estando, em linha reta, a menos de 20 quilômetros de Araguari. O engenheiro responsável Adnei Lúcio Miranda afirmou que a transmissão em HD é projetado somente para atender a cidade de Uberlândia e que, em breve, estaria com sinal local. Será que a população de Araguari terá que investir na Paranaíba também se quiser contar com sinal digital? A TV Integração já está com o projeto pronto para transmitir em Araguari graças a um convênio com a prefeitura, que lhe destinará mais de R$200 mil. O que sabemos é que Araguari não dá um bom retorno comercial a essas emissoras, mesmo possuindo uma população com mais de 110 mil habitantes. Mais uma dor de cabeça para o prefeito que terá que dar tratamento igual a mais uma emissora de Uberlândia. Haja dinheiro do povo!


Um comentário:

  1. VELHAS ÁRVORES

    (...)o prefeito na época da construção dessa praça era Miguel Domingos Oliveira, hoje com 82 anos e que exerce atualmente a Secretaria de Meio Ambiente.(...)

    Correção: Miguel de Oliveira é Secretário de Serviços Urbanos e Cândido Arruda Secretário de Meio Ambiente.

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