sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O SONHO NAO ACABOU



Mais uma segunda feira pós-eleição somando-se a tantas outras parecidas. Parece um lugar comum, mas não. Acordamos ressaqueados pelos números insuficientes de nossos candidatos. Não fizeram feio. A conclusão a que chegamos é muito simples: não temos eleitorado suficiente para conseguirmos materializar cidadãos araguarinos para representação política própria. Ainda não podemos contar com nomes que tenham ou exerçam influências fora de nossas fronteiras. Acredito que foi um belo exemplo de cidadania. Estamos amadurecendo mesmo. A votação conseguida por Raul José, que chegou a surpreender alguns analistas, demonstra um fato inequívoco. Grande parte do eleitorado já é consciente da necessidade de votarmos em candidatos que tenham base eleitoral em nossa cidade. A percentagem conseguida por Rauzinho, 66,99% dos votos válidos para a Câmara Federal, é inédita na história de Araguari. Nunca um candidato a federal levantou tantos votos por aqui. Nem o seu pai, que conseguiu três eleições a federal, saiu de Araguari com tamanha votação. Outra constatação é, sem dúvida, o número de votos para candidatos de outras regiões. A fuga foi pequena, talvez provocada pelo bairrismo, ou mesmo pela figura acima das paixões e partidos proporcionada por Raul José de Belém. Rauzinho navegou por todos os mares, com uma tranqüilidade avassaladora. Parece que está se moldando uma nova liderança política, sem arestas e carismática.



Quem se interessou pelos resultados da eleição em Araguari, teve a oportunidade de acompanhar a cobertura que as rádios AM da cidade conseguiram, no último domingo. Falo especialmente da Rádio Araguari/Vitoriosa que foi brilhante no último domingo. Toda a equipe foi mobilizada durante o período de votação, culminando com o fechamento das urnas e a divulgação dos primeiros resultados. Mesmo sem a mesma emoção dos tempos que a contagem dos votos era manual e chegava a durar até três dias, as emissoras locais conseguiram dar um pouco de emoção aos números divulgados rapidamente pelos computadores da Justiça Eleitoral. A foto acima mostra os recursos modernos que a Rádio Araguari possui. Computadores, estúdio climatizado, várias linhas telefônicas e o fator principal para que isso funcione adequadamente: o ser humano. Como tudo mudou! Lembro-me das antigas coberturas, quando as emissoras instalavam estúdios ambulantes no Fórum Oswaldo Pieruccetti e nos últimos tempos no Ginásio Poliesportivo. Participei de muitas dessas coberturas. A emoção durava dias, com muitas incertezas, cabos eleitorais e muitos curiosos. Não que eu seja saudosista de um tempo, onde até possibilidade de fraudes era muito maior e as transmissões carregadas de romantismo. Hoje é tudo tão rápido e quase sem emoção. Rapidamente já temos idéia do que vai acontecer e com isso sofremos mais rápido. Não dá tempo para o chope gelar.

QUEM AJUDOU?

Araguari conseguiu uma façanha. Praticamente todo o seu eleitorado concentrou seus votos em candidatos com base na cidade. Mas isso não foi produtivo. Nosso colégio eleitoral ainda é pequeno, para eleger sozinho candidatos à Assembléia e à Câmara Federal. Um exemplo disso é a votação de Marcos Montes em Uberaba. Foi menos votado na sua base do que Rauzinho aqui. O ex-prefeito de Uberaba chegou aos 39 mil votos. O resto conseguiu fora de Uberaba. Outro grande problema foi a escolha e promessas que Rauzinho teria. O PV exigiu uma legenda altíssima, difícil para um candidato sem dinheiro e com base eleitoral do tamanho de Araguari e neófito em eleições fora do município. Nem o apoio do senador eleito Itamar Franco sensibilizou eleitores de outras regiões. Se é que Itamar fez alguma coisa. Muito foi comentado a respeito da amizade de Rauzinho com o candidato a governador do partido e que isso poderia render-lhe votos fora de Araguari. No fundo, mostrou o lado cruel dos políticos, que só pensam em si.

AMARRAÇÕES

Mesmo Araguari não elegendo ninguém, o prefeito Marcos Coelho, amarrado por uma decisão do PMDB, teve que se abraçar com o ex-senador Wellington Salgado. Pelos menos nas placas publicitárias. Mas isso não foi o suficiente para Salgado. A votação do proprietário da Rede Vitoriosa/Unitri não chegou a 1.400 votos na cidade, ao contrário de Ituiutaba, onde levantou perto de 10 mil votos. Na finalização, em todo o estado, Wellington emplacou 50.169 votos. Quase levou. Na cidade natal de Jubão, Caeté, onde assessores de Salgado esperavam modesta votação, o ex-senador conseguiu um único e mísero voto, enquanto que Jubão foi o terceiro mais votado com 3.458 votos.

INTERNET COMEÇA A INFLUENCIAR

Isso mesmo! Apesar de não contar com número grande de assinantes, a Internet fez um estrago bem grande na campanha de Dilma Roussef. Os analistas atribuem aos e-mails que circularam insistentemente sobre a declaração da petista que teria declarado que "nem Jesus Cristo faria perder a eleição" e a mais contundente é sua posição a respeito do aborto. Eu mesmo recebi um monte contra Dilma. Cada um mais agressivo sobre o passado da candidata petista. Ontem o PT entrou com pedido de direito de resposta na REDE CANÇÃO NOVA, quando um religioso teria aconselhado aos espectadores a não votar em Dilma. O discurso de Dilma mudou. Basta assistir ao seu programa eleitoral. José Serra virou “verde” e está prometendo reajustes para aposentados e um salário mínimo de R$600,00. O que uma eleição não faz?

FRONTEIRAS

Nossos candidatos fizeram todo tipo de cálculo para poderem ter alguma chance de eleição, Marcos Alvim que era do PSDB abrigou-se no PHS, esperando uma eleição fácil numa casa de 30.000 votos. Na realidade, a votação exigida foi muito maior que o cálculo, perto de 38.419, o último colocado da coligação PHS/PTN. Alvim obteve 28.783 votos, insuficientes para sonhar com uma vaga na assembléia. A história de Jubão também é semelhante. Mesmo obtendo perto de 35 mil votos, o vice-prefeito ficou longe do último colocado eleito de sua coligação, derrubando teorias e cálculos de assessores otimistas. O jeito é encarar a realidade e sair de nossas fronteiras.

O QUE FALTOU A JÚBERSON

O vice-prefeito conseguiu boa votação na cidade. Poderia ter sido melhor. Com mais de 3.102 votos poderia ter garantido um lugarzinho na assembléia mineiro, embolsar quase R$13 mil reais mais jetons de R$600,00 por cada sessão extraordinária, auxílio moradia R$2.300,00, além de nomear assessores e ter uma verba de R$20 mil mensais para custear escritório político na sua base eleitoral. Onde será que Júberson poderia ter juntado mais eleitores e caminhado firme para a vitória? Na sua cidade natal, notou-se divisão do eleitorado. Em Araguari, uma classe que vota unida é a do funcionalismo público municipal. Quem não se lembra da votação do vereador Tiãozinho? Mais de 3 mil votos, a maior parte oriunda dos funcionários públicos municipais. O governo Marcão não tem entre suas prioridades a melhoria do defasado salário da categoria que comanda. Já vão se passando mais de seis anos do Plano de Cargos e Salários, não se moveu uma palha no sentido de pelos menos, reposição das perdas provocadas pela inflação. Um prometido vale-alimentação ou refeição está pendente desde o início do governo Marcão. Plano de saúde que fez água, justamente no período pré-eleitoral. Isso tem causado descontentamento e lógico, aversão ao projeto de governo do atual grupo. Para as próximas eleições, melhor repensar esse tratamento nada especial dado aos mais de 2.000 funcionários, que podem gerar perto de 8.000 votos. Estariam aí os votos necessários à eleição de Jubão?

APOIO SE RECEBE OU SE DECLINA?

Marcos Alvim, em último momento, recebeu apoio do ex-prefeito Mãe Preta. Dizem os especialistas que o apoio pode ter sido o motivo da baixa votação do ex-prefeito na cidade. Justamente pelas ações judiciais que Mãe Preta patrocinou, quando Alvim foi prefeito, causou certa confusão na cabeça do eleitor. Numa delas, Alvim ficou afastado pela Justiça, durante uma semana. De repente, recebe o apoio de seu maior inimigo político. E agora, como fica? Coerência?

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